sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Restart, NX Zero e Paula Fernandes são os grandes vencedores da 18ª edição do Prêmio Multishow de Música Brasileira


RIO - Mudaram as estações, mas nem tudo mudou. Em sua 18ª edição, o Prêmio Multishow de Música Brasileira chegou à maioridade buscando a maturidade e a reinvenção, atráves do equilíbrio entre a tradicional participação popular com a até então inédita votação promovida por um colegiado de críticos. Os maiores vencedores da noite, no entanto, continuaram sendo os queridinhos do público: Restart, NX Zero e Paula Fernandes saíram da cerimônia realizada no HSBC Arena, na Zona Oeste carioca, com dois troféus cada.
FOTOGALERIAVeja imagens da noite de festa do Prêmio Multishow
Se a vitória do Restart nas categorias melhor álbum (“By day”) e melhor clipe (“Pra você lembrar”), ambas ainda decididas pelo voto popular, não surpreendeu, o mesmo não pode ser dito do figurino ostentado pelos meninos. As calças coloridas, símbolo maior do happy rock da banda de São Paulo, deram lugar a looks formados por peças pretas e douradas.
- Vocês sempre se vestem com roupas do Bicho Comeu e hoje vocês não vieram vestidos com elas! - brincou o apresentador Bruno Mazzeo, travestido de Rainha dos Baixinhos.
Apesar da popularidade entre seus seguidores, o Restart subiu ao palco debaixo de vaias dos fãs dos grupos rivais. Acostumados às críticas, os mocinhos não se abalaram: “A gente vence o preconceito a cada dia por causa do amor de vocês”, comemoraram, ao receber a estatueta das mãos do próprio Mazzeo.
Vendedora de mais de 1 milhão de discos, uma raridade nestes tempos áridos para a indústria fonográfica, Paula Fernandes desbancou Ivete Sangalo e Sandy e foi considerada a melhor cantora do ano, além de levar o prêmio de melhor artista sertaneja. Ao ser laureada, Paula agradeceu justamente à gravadora.
- Estou muito emocionada e orgulhosa de ser uma representante da música popular brasileira nesta festa.
Por fim, completando o panteão desta edição, o NX Zero vai voltar para casa com o prêmio de melhor canção, para “Onde estiver”, que bateu concorrentes como os hits “Adrenalina” e “Química do amor”, de Luan Santana. Líder do grupo, Di Ferrero faturou ainda o prêmio de melhor cantor na votação do público.
- Estamos completando dez anos este ano, é muito bom estar entre artistas que crescemos ouvindo. Isso aqui não é uma competição, é uma festa - fez média Di Ferrero.
No restante da noite ainda sobrou espaço para medalhões como Ivete Sangalo e João Barone, dos Paralamas do Sucesso. Ao vencer na categoria melhor DVD pelo registro de seu show no Madison Square Garden em 2010, a cantora recrutou membros de seu fã-clube para receber o prêmio em seu lugar. Barone, por sua vez, desbancou concorrentes bem mais novos, como Koba, do Restart, e Gee Rocha, do NX Zero, e faturou a estatueta de melhor instrumentista. Entre concorrentes muito mais jovens na cena musical brasileira, os pagodeiros do Exaltasamba, com 25 anos de estrada, foram a zebra da noite ao vencer a categoria melhor grupo.
Cerimônia homenageou programas de auditório
Formatada como uma ode aos programas de auditório das décadas de 1970 e 1980, a premiação se jogou no kitsch e relembrou alguns dos principais apresentadores da TV brasileira. De Chacrinha a Silvio Santos, de Gugu a Xuxa, não houve distinção de canal. Em uma apresentação ágil e dinâmica, comandada por Bruno Mazzeo, quadros clássicos como o “Pião da casa própria”, “Banheira do Gugu” e “Porta dos desesperados” - apresentada pelo próprio Sérgio Mallandro, para deleite da plateia - foram parodiados durante a entrega dos prêmios.
Com um texto inspirado, Mazzeo disparou piadas para todos os lados, com direito a bacalhau do Chacrinha e tudo. Marcelo Camelo, eleito o cantor do ano pelo júri, não apareceu para buscar sua estatueta - um misto de microfone retrô com controle de Atari - e não escapou da língua ferina do apresentador.
- Ele não pôde vir, amanhã tem que acordar cedo para levar a Mallu Magalhães ao colégio - brincou.
Já Luan Santana levou a melhor por não aparecer. Vencedor do prêmio de melhor show do ano, o sertanejo trocou a badalação do prêmio por uma apresentação no interior de São Paulo e evitou uma saia justa com Bruno Mazzeo, com quem seus fãs vivem em guerra no Twitter.
Críticos promovem cotas para artistas desconhecidos do grande público
Se a convocação de um júri especializado conferiu mais credibilidade ao prêmio, a duplicidade de algumas categorias confundiu a audiência. Caso do prêmio Experimente, uma espécie de cota para bandas independentes, que acabou por premiar quatro artistas. A banda paulistana Garotas Suecas faturou a preferência dos internautas e agradeceu divulgando o endereço de seu site oficial. Já o júri acabou premiando três diferentes artistas. Empatados, Momo, Nevilton e Criolo - que não se fez presente - levaram o troféu para casa.
Ao todo, os jurados convidados pela direção do Prêmio Multishow de Música Brasileira participaram da votação em cinco categorias e também elegeram seus próprios candidatos a melhor cantor, cantora, grupo e música. O primeiro prêmio a ser entregue pela classe, o de melhor cantora, foi para a estreante Tulipa Ruiz. A cantora santista não chegou a tempo de receber sua estatueta no palco, mas arrancou elogios de Bruno Mazzeo, que julgou a vitória “merecidíssima” e fez questão de entregar o prêmio em mãos assim que Tulipa pôs os pés na Arena.
Premiado pelos jurados na categoria melhor música, o cantor Marcelo Jeneci ficou realmente surpreso com a vitória de sua “Felicidade”. Desavisado, Jeneci revelou no palco que sequer sabia de sua indicação. Fechando a participação dos eleitores convidados, as bandas Holger e Copacabana Club levaram na categoria melhor grupo.
Noite foi marcada por encontros musicais inusitados
Comandados pelo célebre maestro Lincoln Olivetti, artistas de diferentes gerações subiram ao palco para celebrar o velho e o novo. Um grupo musical inusitado formado por Ivete Sangalo, Jair Rodrigues, Thiaguinho e Jau deu a partida na premiação, com um medley que homenageou de Wilson Simonal a Tim Maia, passando pelo próprio Jair e sua “Deixa isso pra lá”.
Entre o encontro de medalhões como Jorge Ben Jor e Zeca Pagodinho e a mistureba de Paula Fernandes, Fiuk, Di Ferrero e Léo Jaime - relembrando sua “Fórmula do amor” -, quem se destacou foi o grupo formado por Pitty, Cidadão Instigado e Odair José. Depois de entoar o clássico “Pare de tomar a pílula”, a roqueira baiana colocou o rei do brega para cantar a sua “Me adora”, dando um novo sentido para seu último hit, em que suplica para não ter seu nome desonrado.

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